segunda-feira, abril 13, 2009

Entre ganidos de um rádio rouco,
Uma porta aberta range lânguida.
A cama que antes me confortava,
agora parece atada ao meu corpo.
Tenho sede, não sei se preciso de água,
parece que cada vez que bebo um gole a sede aumenta,
sem contar os grãos que ficam presos na minha garganta.
O quarto não sei mais que cor tem.
Pintaram com sangue ou lágrimas?
No fim, acabo por perceber que o que escorre pela parede,
não é cor, não é dor, muito menos pranto.
Creio que apenas me dei conta que acabei louco...
Escuridão, um som calmo e alegre tomava conta de mim enquanto meus olhos cerrados ainda se lembravam dos momentos que a pouco tinham feito toda a diferença.
Então o susto, pela janela a luz da lua fazia o chão tremer num misto de medo e perplexidade, o barulho de rodas agoniando no asfalto pareceu durar horas, em menos de quinze segundos o ápice de tudo.
Fumaça. O ar pesado misturava pavor e um cheiro acre que ardia as narinas. E os gritos.
No princípio era só um susto, mas então veio dor, da possibilidade da perda, da possibilidade da morte, a dor de ver o que nem sempre é belo.
O susto se transforma em pressa, força, e tentativas inúteis de fugir de algo que pode se tornar sua prisão eterna.
Após instantes de agonia o ar gélido da noite atinge a pele e arrepia os pelos, fazendo com que aqueles filmes de terror que antes apavoravam fossem meras lembranças.
Após um breve esticar de braços o alívio de estar bem, pelo menos fisicamente.
Mais gritos ecoam pelo ar. A distância não significa de modo algum segurança, paz. As súplicas daqueles que infelizmente não tiveram a mesma sorte que eu enchem de dor o coração.
Então a mais forte de todas as frases é pronunciada. "Por favor Deus, me leva logo embora". O grito de súplica, dor, desespero, me acompanha por todas as horas seguintes e muito mais além.
O que se segue é apenas vago. Desconforto, desespero pela incapacidade de fazer algo, dor, lágrimas que só viriam a brotar horas e horas depois.
Quando o conformismo havia atingido seu limiar do que até agora não sei se classifico como tolerável ou inévitavel, mais gritos, mais dor.
Novamente o barulho inconfundível do desastre. Mais desespero, mas a conformidade faz o alívio de não ver brotar mais sangue chegar logo.
Enquanto as horas trafegam pela turbulência de pensamentos desconexos, somente o desejo de ouvir uma voz familiar.
O tempo passa e tudo se resume a lembraças vagas de impaciencia e notícias triste de alguém que acaba de falecer.
Ao final de tudo, restam algumas noites mal dormidas.
E sempre o medo.

A aqueles que lêem meu blog como um espelho de meus sentimentos.

Um sorriso, preto e branco talvez.
Um coração, de um vermelho mais vivo que sangue.
Os olhos, estes nunca deixaram de brilhar.
E a alma, esta sim, cada vez mais completa.

Estou próximo ao que alguns chamam de paraíso.